Monólogo que eu escrevi, também atuei por algum tempo. Está também registrado na SBAT.
Luzes vão se apagando até ficar uma penumbra, então Vitória
vai entrando.
Vitória inicia uma dança, imitando uma serpente e ao mesmo
tempo fala palavras soltas.
- Eu cheguei para atentar, pegue essa fruta e coma, coma da
fruta, coma, coma, coma, coma e coma, ela é gostosa e doce, doce como o mel!
Ela continua
dançando, cantando e falando ao mesmo tempo:
- Eu cheguei para tentar você, mas cuidado, nem tudo que é
doce é mel!
Vitória solta um grito dizendo:
- Não, não, Haaaaaaaa! Essa é a fruta proibida pelo nosso
pai celeste! Eles estão chegando! Todos vestidos de branco. Uns pensam ser
médicos, outros pensam ser alma, mas como pensam ser alma? Alma não é fumaça?
Não tem massa cefálica, credo, que nojo!
Vitória se entrega a loucura, a qual às vezes não se pode
distinguir entre a loucura e seu cérebro sadio. Falando continuamente:
- Deixe isso pra lá, é tudo uma bobagem! Imaginações! Eu só
quero ser feliz e ter paz, mas isso nunca vai impedir de vir o meu Adão, porque
eu quero ser a Eva! Eva Vitória dos Santos e Albuquerque, Albuquerque não! Esse
é o sobrenome de Luis José, já se passaram dez anos e eu me separei dele ha
tempos!
Vitória vai se acabando novamente em seu mundo imaginário.
- Os homens de branco estão voltando, eu escutei uma voz bem
parecida com a da minha avó e me falando assim: - “Eles são médicos do
manicômio querida e precisam te levar para tratamento.”
- Eu não sou louca minha avó, eu sou normal, olhe para mim e
veja a senhora mesmo, como sou normal!
Às vezes fica muito difícil mesmo discernir a loucura e a
lucidez de Vitória! Ela termina essa cena falando e olhando para a plateia:
- Fiquem todos tranquilos! Eu não faço nenhum mal: não
mordo, não como e não arranho! Eu não entendo por que dizem que eu sou louca!
Por que?
Copyrigth © 2000 Dinizia Galvão
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