Parte do texto teatral, aqui
adaptado, “Imaginações de Vitória”, um monólogo que eu escrevi em 1998, onde
também atuei.
Eu
me chamo Vitória e sabe de uma coisa? Gostaria tanto de fazer alguma algo que
eu acho importante para mim, quero que outras pessoas vejam, mas é para poder
ajudar, sabe? Bem, de alguma forma ajudar levando alegria, descontração e fazer
pessoas felizes!
Então,
um dia, andando pela rua sem ter nada para fazer, estava com a cabeça voltada
para baixo, com milhões de idéias, pensamentos que passavam voando de um para
outro em segundos, então num pequeno instante que levanto minha cabeça e olho
para frente, então pude ver lá um pouco distante: luzes, muitas luzes,
coloridas, piscavam freneticamente que até ofuscava meus olhos. Eu me senti
maravilhada com tanta beleza que para mim era novidade, pois morava no
interior, cidade bem pequena mesmo e nunca tinha visto nada além das ruas
monótonas que lá existiam e penso que lá é assim até hoje, porque sempre ouvi
dizer que o prefeito daquela cidade é corrupto, sei lá, o povo também às vezes
fala demais, mas sabe, “onde há fumaça há fogo”. Então lá fui eu me dirigindo
para aquelas luzes e chegando mais perto pude ver que era um circo. Oh
maravilha! Aí então fui me aproximando e chegando cada instante um pouquinho
mais e mais e sem falar com ninguém. Quando eu dei a volta para o outro lado,
cheguei, cheguei. Que susto! De repente eu olhei para o lado e vi uma pequena
porta e tinha um rapaz sentado num banquinho que estava assim no canto, eu me
aproximei para perguntar que horas ia ter espetáculo e ele começou a dizer
tanta coisa que ficamos conversando por mais de horas. Fiquei surpreendida mesmo,
quando ele me falou que estavam precisando de uma moça para trabalhar no circo
e que o meu jeito servia para aquele trabalho, se encaixava direitinho e me
convidou para trabalhar lá, inclusive já quis me mostrar tudo do circo. Ai, eu
nem sabia o que dizer. Depois de conversarmos muito aceitei, era tudo que eu
podia desejar naquele momento. Tratamos dos detalhes e fiz minha roupa e tudo.
Quando minha avó soube, que eu mesma falei para ela, buuuuum, o teto caiu!
Disse-me ela:
— Minha filha você é moça de família, pessoa
descente, gente honesta, onde já se viu trabalhar nisso, com essa gente! Minha
avó era bastante preconceituosa e antiga de pensamentos. Então ela me disse:
“Você não vai e pronto”. Eu, muito obediente, não fui.
Bem,
daquela vez só fiquei imaginando como seria meu trabalho no circo e como eu
tinha feito a roupa, então vesti. Oh, e como ficou bem em meu corpo! Então pude
me imaginar fazendo a cena toda como o rapaz tinha me falado que ia ser. Então
lá vou eu voar com minhas idéias:
—
Atenção, atenção respeitável publico, com vocês agora, a mais nova
atração, linda, exuberante! Para vocês Vitória! Eu entrei naquele momento em
meu picadeiro imaginário, dançando, cantando e sentido um frio na barriga que
todo artista sente antes de entrar em cena.
Cantei
muito, dancei também, olhei na direção da platéia que voltava seus olhares todo
só para mim, eu era o centro das atenções naquele momento. Picadeiro, palco de
arena? Só sei que era tão maravilhosa a sensação! Depois que acabei minha
performance me agachei, fixamente olhei em direção a platéia e disse:
— Se você tem uma vontade, faça dela o seu objetivo e
se é aquilo que quer, corra atrás, lute! Mas lute com força, com coragem, com
garra e lute com fé e consiga aquilo que você quiser. Lembre-se, aquilo que
você quiser! Terminado meu desempenho percebi que foi mais uma oportunidade que
eu perdi!
Dinizia Galvão
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